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sábado, 14 de setembro de 2013

ONU vai confirmar uso de arma química

MUNDO

Em meio às negociações sobre a resposta internacional pelo uso de armas químicas na Síria, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, acusou o ditador Bashar Al-Assad de ter cometido "vários crimes contra a humanidade". Sem determinar se o regime sírio foi responsável pelo ataque com gases tóxicos que deixou mais de 1,4 mil mortos no subúrbio de Damasco, em 21 de agosto, Ban afirmou que a ONU vai apresentar, na próxima semana, um documento "avassalador" sobre a utilização de agentes químicos no país. "Acredito que o relatório vai apresentar um registro avassalador de que armas químicas foram usadas, embora eu não possa dizer agora, antes da divulgação", disse o secretário. Os inspetores da organização não indicarão quem são os culpados pelo ataque, mas o relato factual pode sugerir que o governo sírio foi o responsável. Técnicos da ONU também afirmaram que o governo sírio bombardeou hospitais e impediu o atendimento médico a feridos e a doentes. A ação seria uma tática para atingir áreas controladas por rebeldes.

As declarações foram feitas enquanto o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, estavam reunidos, pelo segundo dia, em Genebra, para debater os termos da entrega do arsenal de Al-Assad. As negociações entre Washington e Moscou prosseguem hoje. Kerry classificou de "construtivos" os encontros com o homólogo russo e defendeu uma decisão conjunta sobre o caso. "Precisamos envolver nossos especialistas, a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) e a ONU para estabelecermos, juntos, como resolver esse problema (das armas químicas) rapidamente e profissionalmente", observou. O presidente Barack Obama disse esperar que as negociações obtenham sucesso, mas insistiu que qualquer acordo deve ser "verificável e aplicável".

Dispersão
Segundo reportagem do jornal The Wall Street Journal, uma unidade de elite das forças sírias estariam distribuindo o estoque de armas químicas por cerca de 50 pontos do país. A ação, revelada por oficiais americanos, seria uma tentativa de dificultar o rastreamento do arsenal pelos EUA e coloca em dúvida o compromisso de Damasco com o plano russo de entregá-lo ao controle internacional. A movimentação pode atrapalhar uma ação militar para desmobilizar a capacidade de lançamento de agentes tóxicos. "Sabemos muito menos sobre a localização das armas do que sabíamos seis meses atrás", admitiu um oficial.

Para Gunther Rudzit, especialista em assuntos estratégicos e coordenador dos cursos de Relações Internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco, a ação não é uma surpresa. "Não me surpreendo se o governo sírio tiver colocado parte desse arsenal em regiões densamente habitadas, a fim de criar dificuldades para um bombardeio sem danos colaterais, ou seja, sem morte de civis ou propagação de material químico. Além disso, quanto maior o número de alvos, mais difícil é o bombardeio. Isso só reforça o argumento de que não dá para confiar em Al-Assad", avalia Rudzit.

A entrega do arsenal químico sírio surgiu como alternativa para um indesejado bombardeio liderado pelos norte-americanos, mas o estudioso ressalta que sua aplicação é um problema. Ele explica que as armas químicas podem ser facilmente armazenadas nos cômodos de uma casa, dificultando o trabalho dos inspetores. "Quando se analisa a ideia com mais calma, começa a complicar. A apresentação na ONU seria baseada no artigo 6 — que proíbe o uso da força — ou no sete, que ameaça o uso da força? Já aí não há entendimento" pondera Rudzit. Ele observa que, apesar de a proposta melhorar o canal de diálogo entre os EUA e a Rússia, não existem sinais de avanço. "Eu não vi ainda o ganho do diálogo."

Após se encontrarem com Lakhdar Brahimi, emissário da ONU para a Síria, Kerry e Lavrov disseram esperar que as negociações ajudem a retomar a conferência "Genebra 2". "Ambos concordamos com nova reunião em Nova York, mais ou menos durante a Assembleia Geral da ONU, para ver se é possível encontrar uma data para a conferência", declarou Kerry. Os planos para o novo encontro entre as partes envolvidas no conflito foram interrompidos pela desunião das facções opositoras. Brahimi fez um apelo para que "todos os grupos da sociedade síria estejam representados". Na avaliação de Rudzit, um acordo de paz está distante. "Depois de 100 mil mortos, em dois anos e meio de guerra civil, não vejo a oposição aceitando Al-Assad no poder e duvido que ele admita deixar a Presidência. A situação da Síria se parece cada vez mais com o Líbano da década de 1970, com uma longa e violenta guerra civil", considerou. De acordo com a agência Reuters, os opositores devem indicar um representante provisório hoje. Ontem, França, Arábia Saudita, Jordânia e Emirados Árabes Unidos concordaram em fortalecer o apoio aos rebeldes.

Presos em meio aos combates
A Organização das Nações Unidas fez um apelo de cessar-fogo na Síria para o resgate de cerca de 500 mil sírios que estão "presos" na linha de fogo dos combates travados nos arredores de Damasco. A chefe de operações humanitárias da ONU, Valerie Amos, expressou "extrema preocupação" com as informações de que pessoas estariam bloqueados na zona rural da capital síria, sofrendo com a escassez de água, de alimentos e de medicamentos. A situação seria particularmente dramática em Moadamiyet Al-Sham, onde os bombardeios diários afetam os 12 mil moradores. "Peço a todas as partes que aceitem uma pausa nas hostilidades, para permitir que as organizações humanitárias retirem os feridos", declarou Amos.
Fonte: Correio Braziliense

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