31/08/2013 - 18h47
- Economia
Kelly Oliveira
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O Brasil está preparado para enfrentar as oscilações do
mercado financeiro global, geradas pela decisão dos Estados Unidos de
reduzir estímulos monetários. A avaliação foi feita hoje (31) pelo
presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, em discurso no 6º
Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, organizado
pela BM&F Bovespa, em Campos do Jordão, São Paulo.
Tombini disse que a economia mundial passa por um processo de
transição, com a recuperação econômica dos Estados Unidos. “Diga-se de
passagem, transição positiva, pois significa que a recuperação da maior
economia do mundo está ganhando força e isso representará maior
crescimento da economia e do comércio global à frente.”
Apesar das características positivas da transição, Tombini destacou
que o processo de normalização das condições monetárias nas economias
avançadas gera volatilidade (fortes oscilações), principalmente nos
mercados de economias emergentes, como o Brasil. “As economias
emergentes são as mais impactadas por essa volatilidade. Sempre foi
assim. E não é diferente no caso da economia brasileira.”
“Os mercados se anteciparam aos fatos e, na ausência de informações
claras e precisas de como se dará esse processo de retirada dos
estímulos monetários, os preços dos ativos financeiros estão mais
voláteis, oscilando ao sabor de cada dado sobre o ritmo de atividade da
economia norte-americana”, ressaltou Tombini.
Segundo o presidente do Banco Central, a estratégia da instituição é
clara: “Usaremos nosso amplo rol de instrumentos para reduzir a
volatilidade excessiva e mitigar potenciais riscos à estabilidade
financeira.” De acordo com Tombini, essa estratégia será usada o tempo
que for necessário, em todo o período de transição "entre o mundo atual
e o mundo à frente, de condições monetárias normalizadas e maior
crescimento da economia e do comércio global”.
Desde o fim de maio, o sistema financeiro global enfrenta
turbulências por causa da perspectiva de que o Federal Reserve (Fed), o
Banco Central dos Estados Unidos, reduza os estímulos monetários para a
maior economia do planeta. Com menos dólares em circulação, a cotação da
moeda norte-americana fica mais alta em todo o mundo.
Tombini disse que o Brasil está preparado para enfrentar a
volatilidade porque o sistema financeiro brasileiro está “sólido, com
elevados níveis de capital, liquidez e provisões”.
Desde que a volatilidade aumentou, o país manteve fluxo positivo
tanto de investimento estrangeiro direto (que vai para o setor produtivo
da economia) quanto de portifólio (ações e títulos de renda fixa),
“inclusive com o aumento da participação de investidores estrangeiros na
dívida mobiliária pública interna”.
“É importante ressaltar que eventuais saídas [de investimento
estrangeiros] pontuais são naturais, não representando mudança de
tendência, nem alterando as condições de financiamento do país e o
acesso de empresas brasileiras ao mercado financeiro internacional”,
destacou Tombini. Ele lembrou que, nos últimos dois anos, o país
continuou a ampliar o “colchão de segurança e de liquidez”. “Adicionamos
quase US$ 90 bilhões às nossas reservas internacionais, que hoje
ultrapassam US$ 370 bilhões.”
Ele explicou que esse “colchão” permite ao Banco Central, no atual
“período de transição, marcado por níveis mais elevados de volatilidade e
pelo aumento da aversão ao risco, ofertar proteção (hedge) aos agentes econômicos e, se necessário, liquidez aos diversos segmentos do mercado”.
Tombini disse que, na semana passada, o BC anunciou o programa de
leilões diários de venda de dólares, pelo menos até o final do ano.
“Esse programa, além de conferir previsibilidade, ofertará aos agentes
econômicos proteção cambial superior a US$100 bilhões, se considerarmos o
montante de proteção que já foi disponibilizado”.
Edição: Nádia Franco
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comente