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terça-feira, 18 de novembro de 2014

Prêmio Patricia Acioli destaca ações na área de direitos humanos

18/11/2014 06h42
Rio de Janeiro

Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil Edição: Graça Adjuto
A estudante Maria Eduarda Ramos da Silva foi criada em uma comunidade perigosa. Ela disse que cresceu cercada por tiros, morte e violência. E foi contando essa experiência que a aluna da Colégio Municipal Amaral Peixoto, em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio, conquistou o primeiro lugar na categoria Redações dos Alunos do Ensino Fundamental do Prêmio Juíza Patrícia Acioli. Maria Eduarda procurou retratar o cotidiano e mostrou que pode lutar contra a situação. “A violência só gera violência. A paz vai beneficiar todo mundo em um mundo melhor”, disse a jovem, acrescentando que é preciso se importar com a cidadania porque sem ela o ser humano perde a base e o seu fundamento.
A estudante Jade Calado Bastos, que estuda no Colégio Pio X, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, e conquistou o terceiro lugar, se inspirou na juíza Patrícia Acioli para desenvolver a redação. “Eu escrevi um pouco sobre a história dela, de quem luta pelo direito das pessoas e sobre quem luta em geral pelos direitos”.
A cerimônia de entrega do Prêmio Patrícia Acioli foi realizada ontem (17) à noite, no Theatro Municipal, no centro do Rio. Ele foi criado em 2012, um ano depois da morte da juíza, que trabalhava na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. Patrícia Acioli foi assassinada quando chegava em casa em Piratininga, Niterói, região metropolitana do Rio, dias depois de ter decretado a prisão de oito policiais militares por suposto envolvimento com o crime organizado.
A juíza aposentada Gilmaise de Oliveira Mendes recebeu o prêmio na categoria Práticas Humanísticas, pela Associação Casa de Afonso, de Fortaleza, no Ceará. Ela contou que há quatro anos a entidade começou um trabalho com crianças e adolescentes do bairro Vicente Pizon e hoje atende a 287. “Fora do horário escolar fazem atividades diversas, como balé, caratê, judô, música e biblioteca, com contação de histórias. É medida de prevenção. Todas as crianças têm um sonho e quem tem um sonho não tem perigo de entrar em práticas violentas”, revelou, reconhecendo que o local é uma região carente e violenta. “Lá que está precisando. Temos que ir para onde precisa”, completou.

Na categoria Trabalhos Acadêmicos, o estudante de Direito Daniel Thomazelli tratou do direito à educação e do fortalecimento do princípio da dignidade humana. “O direito à educação abre as portas para que os cidadãos tenham os demais. É um direito humano fundamental, e o ensino de jovens e adultos vem sendo um instrumento para concretizar os direitos humanos no Brasil”, disse.
Nesta terceira edição do prêmio houve um número maior de concorrentes, com mais de 300 inscrições. O presidente da Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro, que promoveu a premiação, Rossidélio Lopes da Fonte, atribuiu o crescimento à procura pelas pessoas interessadas em desenvolver os direitos humanos. “Neste, tivemos inscrições de cinco regiões brasileiras e até uma do exterior. Acredito que no ano que vem vamos aumentar as inscrições”, acrescentou, lembrando que todas as pessoas interessadas em melhorar a sociedade brasileira se identificam com Patrícia Acioli, que se destacou na luta pelos direitos dos cidadãos, contra a corrupção e no combate à violência social.
Os três alunos que venceram a categoria Redações dos Alunos do Ensino Fundamental ganharam um tablet, para o aperfeiçoamento educacional. Nas outras categorias, os vencedores receberam prêmios em dinheiro, que variaram entre R$ 5 mil e R$ 15 mil.
Houve ainda a apresentação das orquestras sinfônicas de Paquetá e de São Gonçalo, do Coral de Crianças da Fundação Xuxa Meneghel, e do coreógrafo Carlinhos de Jesus, juntamente com ritmistas da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira.
Os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Ideli Salvatti participaram da cerimônia. “É importantíssimo que a sociedade e o Estado se unam na luta contra a violência”, disse o ministro depois da cerimônia.
Sobre a Operação Lava Jato, ele defendeu que quem praticou ilegalidade seja punido. “A posição do governo é clara na linha de apurar e punir quem tem que ser punido. Nós não queremos pré-julgamento, queremos punição para aqueles que efetivamente desviaram dinheiro público”.
Para o ministro, o ato de corrupção deve ser execrado e punido. “O governo tem essa firme determinação. Não importa a cor partidária ou se a pessoa tem poder econômico. É corruptor ou é corrupto, a lei deve ser aplicada”, destacou.
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Fonte: Agência Brasil

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