Rio de Janeiro
Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil
Edição: Graça Adjuto
A estudante Maria Eduarda Ramos da Silva foi criada em uma
comunidade perigosa. Ela disse que cresceu cercada por tiros, morte e
violência. E foi contando essa experiência que a aluna da Colégio
Municipal Amaral Peixoto, em São Gonçalo, na região metropolitana do
Rio, conquistou o primeiro lugar na categoria Redações dos Alunos do
Ensino Fundamental do Prêmio Juíza Patrícia Acioli. Maria Eduarda
procurou retratar o cotidiano e mostrou que pode lutar contra a
situação. “A violência só gera violência. A paz vai beneficiar todo
mundo em um mundo melhor”, disse a jovem, acrescentando que é preciso se
importar com a cidadania porque sem ela o ser humano perde a base e o
seu fundamento.
A estudante Jade Calado Bastos, que estuda no
Colégio Pio X, em Jacarepaguá, zona oeste do Rio, e conquistou o
terceiro lugar, se inspirou na juíza Patrícia Acioli para desenvolver a
redação. “Eu escrevi um pouco sobre a história dela, de quem luta pelo
direito das pessoas e sobre quem luta em geral pelos direitos”.
A
cerimônia de entrega do Prêmio Patrícia Acioli foi realizada ontem (17)
à noite, no Theatro Municipal, no centro do Rio. Ele foi criado em
2012, um ano depois da morte da juíza, que trabalhava na 4ª Vara
Criminal de São Gonçalo. Patrícia Acioli foi assassinada quando chegava
em casa em Piratininga, Niterói, região metropolitana do Rio, dias
depois de ter decretado a prisão de oito policiais militares por suposto
envolvimento com o crime organizado.
A juíza aposentada Gilmaise
de Oliveira Mendes recebeu o prêmio na categoria Práticas Humanísticas,
pela Associação Casa de Afonso, de Fortaleza, no Ceará. Ela contou que
há quatro anos a entidade começou um trabalho com crianças e
adolescentes do bairro Vicente Pizon e hoje atende a 287. “Fora do
horário escolar fazem atividades diversas, como balé, caratê, judô,
música e biblioteca, com contação de histórias. É medida de prevenção.
Todas as crianças têm um sonho e quem tem um sonho não tem perigo de
entrar em práticas violentas”, revelou, reconhecendo que o local é uma
região carente e violenta. “Lá que está precisando. Temos que ir para
onde precisa”, completou.
Na categoria Trabalhos Acadêmicos, o estudante de Direito Daniel Thomazelli tratou do direito à educação e do fortalecimento do princípio da dignidade humana. “O direito à educação abre as portas para que os cidadãos tenham os demais. É um direito humano fundamental, e o ensino de jovens e adultos vem sendo um instrumento para concretizar os direitos humanos no Brasil”, disse.
Na categoria Trabalhos Acadêmicos, o estudante de Direito Daniel Thomazelli tratou do direito à educação e do fortalecimento do princípio da dignidade humana. “O direito à educação abre as portas para que os cidadãos tenham os demais. É um direito humano fundamental, e o ensino de jovens e adultos vem sendo um instrumento para concretizar os direitos humanos no Brasil”, disse.
Nesta
terceira edição do prêmio houve um número maior de concorrentes, com
mais de 300 inscrições. O presidente da Associação dos Magistrados do
Estado do Rio de Janeiro, que promoveu a premiação, Rossidélio Lopes da
Fonte, atribuiu o crescimento à procura pelas pessoas interessadas em
desenvolver os direitos humanos. “Neste, tivemos inscrições de cinco
regiões brasileiras e até uma do exterior. Acredito que no ano que vem
vamos aumentar as inscrições”, acrescentou, lembrando que todas as
pessoas interessadas em melhorar a sociedade brasileira se identificam
com Patrícia Acioli, que se destacou na luta pelos direitos dos
cidadãos, contra a corrupção e no combate à violência social.
Os três alunos que venceram a categoria Redações dos Alunos do Ensino Fundamental ganharam um tablet,
para o aperfeiçoamento educacional. Nas outras categorias, os
vencedores receberam prêmios em dinheiro, que variaram entre R$ 5 mil e
R$ 15 mil.
Houve ainda a apresentação das orquestras sinfônicas
de Paquetá e de São Gonçalo, do Coral de Crianças da Fundação Xuxa
Meneghel, e do coreógrafo Carlinhos de Jesus, juntamente com ritmistas
da Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira.
Os ministros da
Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República, Ideli Salvatti participaram da cerimônia. “É
importantíssimo que a sociedade e o Estado se unam na luta contra a
violência”, disse o ministro depois da cerimônia.
Sobre a
Operação Lava Jato, ele defendeu que quem praticou ilegalidade seja
punido. “A posição do governo é clara na linha de apurar e punir quem
tem que ser punido. Nós não queremos pré-julgamento, queremos punição
para aqueles que efetivamente desviaram dinheiro público”.
Para o
ministro, o ato de corrupção deve ser execrado e punido. “O governo tem
essa firme determinação. Não importa a cor partidária ou se a pessoa
tem poder econômico. É corruptor ou é corrupto, a lei deve ser
aplicada”, destacou.
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