Publicação: 22/01/2014 23h30
Atualização: 23/01/2014 12h52
Localização: Brasília
Localização: Brasília
Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil
Brasília - Faltam espaços de
convivência para jovens no Brasil? O preconceito social nega o acesso a
jovens da periferia? O fenômeno do rolezinho foi debatido na noite de
hoje (22) no programa 3 a 1, da TV Brasil.
Um dos convidados, o sociólogo e pesquisador da Universidade de
Brasília (UnB), Antônio Flávio Testa, disse que o rolezinho é algo
passageiro, mas que mostra uma demanda real da sociedade. “Isso vai
passar, vão ter que se chegar a um acordo. Agora, as grandes reformas
para viabilizar o acesso à cultura, à educação e ao lazer serão cobradas
pela sociedade. E vai ser uma cobrança muito radical”.
Além do sociólogo, o apresentador Florestan Fernandes Júnior recebeu
Max Maciel, coordenador da Rede Urbana de Ações Socioculturais (Ruas), e
Helena Abramo, coordenadora-geral de Políticas Setoriais da Secretaria
Nacional de Juventude.
Para Helena, os jovens querem mais do que lhes é oferecido, querem
afirmar sua presença e essa exigência já havia sido demonstrada nas
manifestações de junho do ano passado. “Há uma vontade de se tornar
visível e de participar de uma prática que foi valorizada nas
manifestações de junho. Isso está mostrando que esses jovens também
estão participando desse processo. É um ato de afirmação de uma
presença”.
Maciel demonstrou preocupação em torno de tamanha mobilização em
volta de uma reunião de jovens. “Me preocupa como uma coisa tao
despretensiosa, como se reunir, querer ter acesso e paquerar, causa
tanto frisson, tanto temor. Muito mais [sério] é não reconhecer
esses jovens, que antes eram invisibilizados. E quando eles querem
almejar aquilo, dizem para eles quem pode ou não ter acesso. Essa
sociedade demonstra que não está preparada para dialogar e começa a
querer segregar”.
Testa lembrou da questão econômica envolvida. Segundo o sociólogo,
não é interessante para os comerciantes fecharem as portas de um shopping
devido aos rolezinhos, em virtude do prejuízo que um dia sem vendas
pode causar. Ele reforça que impedir o acesso aos centros comerciais não
é correto, mas deve-se olhar também para a segurança patrimonial. Para
ele, as regras nos locais devem ser mais claras e os seguranças mais bem
preparados, para as pessoas poderem frequentar os locais com
tranquilidade.
À Agência Brasil, Helena disse acreditar que faltam espaços de encontro para as pessoas nas cidades, mas ressalta que os shoppings também fazem parte desse tipo de espaço. “Os shoppings se
inventaram como espaços de lazer e não só de consumo. Só que eles
imaginam o consumo de um determinado grupo social com um determinado
número e, além disso, imaginam o consumo como um ato individual ou de
grupos pequenos”.
Florestan acredita que o debate ajudou a apontar as necessidades do
público jovem, especialmente das periferias. Ele se junta aos convidados
para dizer que o que está acontecendo é um desdobramento dos protestos
do ano passado. “O programa apontou as questões para incluir os jovens
da periferia na nossa sociedade. Desde as manifestações do ano passado, o
jovem está mostrando que está aqui e quer ser reconhecido”.
Fonte: Agência Brasil
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