18/01/2014 - 18h45
- Cidadania
Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Uma página nas redes sociais chamada de Rio $urreal –
Não Pague, criada na tarde de dessa sexta-feira (17), atingiu a marca
de 65 mil curtidas em pouco mais de 24 horas. A ideia dos criadores é
boicotar “preços extorsivos praticados por bares, restaurantes, lojas e
ambulantes no Rio de Janeiro, cidade pré-olímpica”.
De acordo com o designer gráfico Flavio Soares, criador da
iniciativa junto com as amigas Daniela Name e Andréa Cals, o objetivo
não é criticar o real nem a política econômica e muito menos incentivar o
calote, mas sim expor lugares que cobram preços abusivos, bem como
divulgar lugares com valores mais razoáveis.
“Surgiu quase que como um reflexo natural, não foi uma coisa
planejada por dias, meses. Na verdade a insatisfação tem anos e se
agravou nesses últimos meses, esquentando as chuteiras para a Copa, tá
todo mundo chutando os preços para o céu”, disse. “O que nós três
concluímos é que a gente estava falando alguma coisa que já estava todo
mundo chocado, foi algo natural [a repercussão imediata]”, completou.
Movimento apartidário, o Rio $urreal, por enquanto, tem colhido
relatos e postado no Facebook. Mas, segundo Flavio, a ideia é unir
pessoas interessadas em ver as coisas funcionando direito. “A gente
ainda está sob o impacto da quantidade de adesões, do tamanho que a
coisa está tomando. Certamente não vamos deixar isso cair no vazio, não é
só reclamação. O primeiro objetivo é reclamar tanto que quem está
praticando preços abusivos se toque, se constranja, se ilumine ou tenha
medo de perder clientela e de fato abaixe os preços”, declarou.
Um prato de strogonoff
a R$ 80, misto quente a R$ 30, banana com sorvete a R$ 31 e croissant a
R$ 14 estão entre os preços postados na página. Nas praias, o serviço
também subiu com o calor do verão. O advogado Maurício Mair, carioca,
relata que tudo o que atrai o turista é hiperinflacionado nesta época do
ano.
“Para quem vai à praia, até o aluguel de cadeira, o preço do
refrigerante, a famosa caipirinha carioca. A gente fica indignado, o
preço das coisas praticamente triplicam, dependendo do local onde você
vai. Nos pontos turísticos você vê muita exploração do turista, ainda
mais que, agora, está tendo uma procura maior por conta de ser a cidade
da Copa”.
De acordo com ele, no ponto mais badalado de Ipanema, o Posto 9, na
baixa temporada a caipirinha custa entre R$ 5 e R$ 7 e agora está de R$
20 a R$ 25. Em novembro o coco custava R$ 4 e em dezembro passou para R$
6. Primo de Mair, Roberto Lima dos Santos trouxe a família de Porto
Alegre para conhecer o Rio e se espantou com os preços. Ele defende uma
campanha para melhorar a situação.
“O sul tem Gramado e Canela, tem a Serra Gaúcha, o Vale dos Vinhedos,
diversos shows, e eu digo para ti que a proporção [do abuso nos preços]
é menor. Eu acho que há necessidade de uma campanha de conscientização
governamental com o comércio local, em qualquer cidade do país, mas
principalmente nas cidades maiores, que contribua para que o turismo
cresça e se desenvolva cada vez mais, sempre com a consciência
ecológica, claro”.
Entre
os postos 9 e 10 da Praia de Ipanema, os preços estão, em média, R$ 7 o
aluguel de cadeira ou de guarda-sol e R$ 5 o coco. Mas, procurando um
pouco, é possível achar mais barato. Dono de uma barraca há 15 anos,
Jorge Luiz da Silva diz que pratica a mesma política de preço de quando
começou, sem inflação no aluguel de cadeira e guarda-sol, mesmo com o
aumento no verão.
“Do início do horário de verão até o dia 1º de abril a cadeira é R$ 3
e o guarda-sol é R$ 4, de 2 de abril até o fim do horário normal a
cadeira é R$ 2 e o guarda-sol é R$ 3. As únicas coisas que a gente não
consegue controlar e repassa o aumento é na bebida, porque chega o verão
e a gente também sofre com a máfia do gelo, sofre com a máfia do coco”,
disse.
Silva relata que o saco de 20 quilos de gelo custa normalmente R$ 7 e
passa para R$ 12 no verão, chegando a R$ 20 em datas festivas como
Natal, ano-novo e carnaval. “Eu uso uma média de 25 sacos por dia,
imagina como aumenta o custo disso”, ressaltou.
Edição: Aécio Amado
Fonte: Agência Brasil
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