21/12/2013 - 14h03
- Nacional
Vladimir Platonow
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O protesto marcado pelo Facebook tinha mais de 8 mil
pessoas confirmadas, mas só seis mulheres tiveram coragem de exibir os
seios na manhã deste sábado (21), na Praia
de Ipanema, na altura do Posto 9. O evento batizado de toplessaço foi
organizado contra a repressão a uma atriz, no dia 14 de novembro, que
posava para fotos de divulgação de uma peça, no Arpoador, quando foi
abordada por policiais militares e obrigada a se cobrir.
Apesar do pouco número de participantes, o toplessaço atraiu um
grande número de curiosos e de profissionais de imprensa e serviu para
despertar a discussão sobre o tema. A argentina Natália Lorenzo, que
mora no Brasil há dez anos, se surpreendeu com a curiosidade das
pessoas.
“Acho que a repressão ainda é grande, por isso nós mulheres temos
que vir fazer estas coisas. Na Argentina também é proibido, o que é
ridículo. Isto aqui é uma manifestação, não é uma promoção, não estou
aqui para me mostrar”, disse Natália, que pintou nas costas a frase
“Este corpo é meu”.
A
pensionista Olga Solon, de 73 anos, que atualmente mora em Portugal,
decidiu apoiar o protesto, mostrando os seios. “Eu sou adepta de tudo,
de topless, de praia de nudismo. O corpo não tem nada de mais. O Posto 9 sempre foi o reduto do topless. Eu moro na Europa e lá isso é perfeitamente normal”, disse Olga.
A estudante Carolina Jovino compareceu ao protesto e pintou em seu
abdômen a frase com a pergunta “Liberdade ofende?”. “É o meu corpo e eu
tenho total liberdade de mostrar. Eu não tenho por que esconder uma
parte do corpo. Sinceramente, eu não sei por que isso ainda choca as
pessoas. Queria que me dissessem por que o meu peito é mais obsceno que o
peito de um homem?”, questionou Carolina, que cursa ciências sociais na
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A comerciante Aparecida Gadelha foi uma das primeiras e retirar a
parte de cima do biquíni. Ela fez questão de ressaltar que se tratava de
um ato político e que as mulheres não estava se exibindo. “Nós não
estamos aqui para aparecer. Você não aparece na Marquês de Sapucaí quase
pelada [no carnaval]? Por que não podemos ficar de topless?”, questionou Aparecida.
Para a cineasta Ana Paula Nogueira, o protesto era uma forma de
elevar o Rio ao que já acontece em outras partes do mundo. “Temos que
tornar o Rio uma cidade mais cosmopolita, mais moderna. Vamos sediar as
Olimpíadas e temos que ser como as outras cidades são no mundo. Por que
não ser uma cidade moderna em termos de atitude?”, perguntou.
Ela considerou que a baixa adesão ao protesto foi motivada pela repercussão negativa na rede social: “A agressividade dos homens e de algumas mulheres no Facebook foi uma coisa absurda. Mas esse assédio vai passar como já passou em outros lugares. Daqui a pouco, vai ser uma coisa natural”, disse Ana Paula, cercada por dezenas de fotógrafos, cinegrafistas e muitos curiosos, que insistiam em tirar fotos com celulares.
Ela considerou que a baixa adesão ao protesto foi motivada pela repercussão negativa na rede social: “A agressividade dos homens e de algumas mulheres no Facebook foi uma coisa absurda. Mas esse assédio vai passar como já passou em outros lugares. Daqui a pouco, vai ser uma coisa natural”, disse Ana Paula, cercada por dezenas de fotógrafos, cinegrafistas e muitos curiosos, que insistiam em tirar fotos com celulares.
Alguns homens também decidiram participar do protesto e compareceram
usando a parte de cima do biquíni, como forma de chamar a atenção para o
assunto. “Eu acho que o ponto que as mulheres querem protestar é pela
atitude não só dos homens, mas também de outras mulheres, em torno do
corpo feminino. É isso que se quer desmistificar. Não há só uma
violência física, mas também uma violência moral contra a mulher”, disse
Renan Elias de Oliveira Carlo, estudante de química no Instituto
Federal do Rio de Janeiro. O protesto ocorreu de forma pacífica e os
policiais militares apenas ficaram observando de longe, sem intervir.
Edição: José Romildo
Fonte: Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil
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