21/12/2013 - 10h43
- Saúde
Thais Araujo
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Com o objetivo de melhorar o acesso de adolescentes e
jovens aos serviços de saúde e garantir o diagnóstico precoce de doenças
sexualmente transmissíveis (DST), como aids, sífilis e hepatite B, uma
unidade móvel percorre diversos bairros de Fortaleza (CE), oferecendo
atendimento multiprofissional gratuito. A iniciativa é a primeira etapa
do projeto Fique Sabendo Jovem, do Fundo das Nações Unidas para a
Infância (Unicef), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de
Fortaleza. O organismo da ONU pretende firmar parcerias com gestores de
outros municípios e levar as ações para várias cidades do país.
De acordo com a oficial de programas do Unicef, Tati Andrade, que
coordena o projeto em Fortaleza, a proposta é alcançar jovens que, em
geral, não procuram os serviços tradicionais por vergonha ou medo de um
possível resultado positivo nos exames de doenças sexualmente
transmissíveis. Ela esclarece que o aumento no número de casos de
contaminação por HIV entre essa parcela da população preocupa
autoridades e profissionais ligados à área.
"Isso é preocupante porque, com os medicamentos disponíveis
atualmente, é possível lidar razoavelmente bem com os efeitos colaterais
da doença e de seu tratamento, mas o tratamento precisa ser iniciado
precocemente. Pelo relato dos próprios jovens, percebemos que o maior
problema nessa questão é o preconceito, notamos que eles viveriam muito
melhor se não houvesse isto", disse ela. Tati Andrade acrescentou que o
cronograma do projeto vai promover ações voltadas a adolescentes que
cumprem medidas socioeducativas e estudantes da rede pública de ensino.
Ainda segundo a oficial de programas do Unicef, o ônibus do Fique
Sabendo Jovem conta com uma sala de pré-aconselhamento, onde os
profissionais orientarão os jovens sobre direitos sexuais e reprodutivos
e uma sala onde serão feitos testes para diagnosticar possíveis DST.
Caso recebam resultado positivo, eles serão levados a uma terceira sala,
de pós-aconselhamento. "Quando isso acontecer, os profissionais vão
acompanhar o jovem, orientá-los sobre os próximos passos, sobre onde
buscar auxílio médico e medicamentos. Eles também terão a oportunidade
de conversar com outros jovens que vivem com HIV e que podem ajudar
nesse processo", disse.
Leandro Costa, 26 anos, recebeu o diagnóstico positivo para HIV há
dois anos e é ativista do projeto em Fortaleza. Após ter participado das
duas ações do Fique Sabendo Jovem, ele diz ter comprovado, na prática, a
eficácia da comunicação feita de jovem para jovem. "No ônibus tem uma
equipe multiprofissional, com enfermeiro, psicólogo, assistente social,
mas muitos dos jovens que recebemos preferem falar e tirar suas dúvidas
conosco, que somos jovens como eles. Conversamos claramente e de forma
objetiva sobre prevenção, importância do uso do preservativo entre
outras coisas. Quase não há resistência, porque falamos a mesma
linguagem", disse.
Dados do Unicef apontam que o número global de mortes de
adolescentes em razão da aids subiu quase 50% entre 2005 e 2012, em
forte contraste com a queda de 30% registrada no mesmo período,
considerando a população mundial. Ainda segundo o Fundo, somente em
2012, cerca de 110 mil pessoas entre 10 e 19 anos com aids morreram em
todo o mundo. Em 2005, o número era 71 mil.
De acordo com o organismo da ONU, na próxima fase, no ano que vem, o
projeto será implementado em cidades do Sul. É também nessa região que o
Ministério da Saúde vai testar uma nova estratégia para prevenir
a infecção pelo HIV com o uso de remédio, a partir de 2014. Por meio de
um projeto piloto, as unidades de saúde do Rio Grande do Sul
disponibilizarão antirretrovirais para grupos vulneráveis ao contato com
o vírus. A medida foi anunciada em 1º de dezembro, Dia Mundial de Luta
contra a Aids. Na mesma data, a pasta também anunciou mudanças no atendimento
a pessoas portadoras do HIV. Para reduzir as possibilidades de
transmissão e oferecer melhor qualidade de vida ao paciente, a partir de
agora, assim que a pessoa for diagnosticada com o vírus, ela receberá o
tratamento imediato na rede pública. A estimativa é incluir mais 100
mil pessoas no tratamento, em 2014, com a mudança de protocolo.
Edição: Denise Griesinger
Fonte: Agência Brasil
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