13/12/2013 - 13h48
- Cultura
Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro- A criatividade de 200 crianças e adolescentes de 11 favelas com unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) rendeu o livro Seu Conto É a Nossa História, que foi lançado hoje (13) na Academia Brasileira de Letras (ABL). O jornalista e escritor Márcio Vassalo escreveu a obra a partir de 22 oficinas. Ele disse que seu principal desafio foi provocar a imaginação das crianças.
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro- A criatividade de 200 crianças e adolescentes de 11 favelas com unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) rendeu o livro Seu Conto É a Nossa História, que foi lançado hoje (13) na Academia Brasileira de Letras (ABL). O jornalista e escritor Márcio Vassalo escreveu a obra a partir de 22 oficinas. Ele disse que seu principal desafio foi provocar a imaginação das crianças.
"O fio condutor foi o olhar, e foram
várias dinâmicas para provocar isso. Foi um trabalho de mostrar a eles
que são capazes de encontrar e reparar na beleza onde ninguém está
reparando. Isso faz com que a gente trabalhe a autoestima, a confiança
para que a pessoa construa e reconstrua sua identidade, um pensamento
que tenha sua digital".
Para isso, desenhos, exercícios sensoriais
e perguntas foram discutidas com os alunos, que participam do Projeto
Indústrias do Conhecimento, do Serviço Social da Indústria (Sesi) do Rio
de Janeiro.
"O resultado final é mais uma prova de que
a beleza não tem geografia e que todos são capazes de criar a partir do
que só eles veem. Mariana, do Morro da Formiga, por exemplo, viu um
vento escondido na descida; Caroline, da Cidade de Deus, um sol
pendurado no varal; Jorge Mateus, do Andaraí, descobriu que a laje é a
coroa da casa. Foram várias frases poéticas que eles expressaram a
partir do próprio olhar", explicou.
Presidenta da ABL, a escritora Ana Maria
Machado comemorou o lançamento, que coincide com suas últimas semanas à
frente da instituição, já que será sucedida pelo atual secretário-geral
da academia, Geraldo Holanda Cavalcanti. "Esse projeto é uma gracinha,
uma beleza. Eles se soltam, percebem que podem criar e desenvolvem um
olhar poético e crítico sobre o seu entorno. Isso é o que todo cidadão
devia ter".
João Vitor Aguilar, de 11 anos, saiu da
Fazendinha, no Complexo do Alemão, para entregar um exemplar nas mãos da
imortal, de quem ganhou um beijo na bochecha. Seu gosto literário,
porém, é outro: "Gosto de ler sobre carros", disse tímido, contando que
fez desenhos e contou histórias para Márcio Vassalo durante as oficinas.
Com a mesma idade, Marcelle de Arruda, do
Morro da Formiga, contou seu único medo: cobras. "Escrevemos em um
papel, ele amassou e disse que depois ia queimar. Foi muito legal
participar. Contei que gosto de jogar bola, de soltar pipa, e ele foi
perguntando como eram os lugares", lembra ela, que até pensa em escrever
um livro: "Só se não for muito grande. Mas também não muito pequeno".
A bibliotecária Aline Lopes, que trabalha
no projeto do Sesi, se anima ao falar da proposta: "São crianças que
estão à margem de tudo, e é uma oportunidade de terem contato com coisas
que não têm costume. Chamamos a atenção deles pelo interesse que têm
pelo computador, e vamos inserindo a leitura aos poucos. A base do
trabalho é o amor".
Edição: Davi Oliveira
Fonte: Agência Brasil
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