08/12/2013 - 19h26
- Cidadania
Vinícius Lisboa
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro celebrou hoje
(8) "o maior casamento mundial coletivo de casais homossexuais", no
auditório da Escola de Magistratura do Estado do Rio de Janeiro (Emerj),
segundo a organização do evento. A cerimônia contou com 130 casais
homoafetivos, conforme os organizadores. A Justiça do Rio já havia
promovido três cerimônias coletivas, só que de uniões estáveis de
homossexuais.
"O sentimento é o de que toda a luta valeu a pena. É uma alegria muito
grande porque a história é de muita perseguição e muito preconceito,
com assassinatos de homossexuais e discriminação de todo tipo. E hoje
ver essa cerimônia sendo realizada com esse tamanho mostra que muito se
avançou. Ainda há muito a fazer contra o preconceito, mas estamos em um
caminho de avanço", comemorou o coordenador do Programa Estadual Rio Sem
Homofobia, Cláudio Nascimeto, destacando que o casamento ocorreu no Dia
Nacional da Família. "A família continua sendo o elo fundamental da
sociedade. Estamos aqui para celebrar as famílias que se oficializam
hoje".
Segundo o coordenador do programa, 68% dos casais eram lésbicas, 31% de gays
e uma transexual com o companheiro. Os noivos vieram de 14 cidades do
estado, sendo a maior parte da capital. Entre esses, 86% das zonas norte
e oeste. "Isso mostra que é um projeto que tem uma capilaridade social
muito grande", disse Claudio Nascimento. Mais da metade dos casais (66%)
tinha renda de um a dois salários mínimos.
"Hoje, o Estado brasileiro não faz nenhuma diferenciação entre os
casais heterossexuais e homossexuais. Em primeiro lugar, há a
importância simbólica que é retirar esse lugar da diferenciação em que
uns só têm direito à união estável. Em segundo lugar, o casamento dá o
direito à mudança no nome, à garantia ao direito na partilha de bens e
direitos sucessórios de forma mais consistente, entre outras coisas".
A
desembargadora Cristina Gaulia, que conduziu a saudação aos noivos,
exaltou que a celebração mostra que a Justiça no Rio se modernizou. "Há
poucos anos, alguns juízes nem recebiam esses casais e encaminhavam o
pedido para a Vara Cível, onde era assinado um contrato de sociedade
civil. Nem para a Vara de Família eram encaminhados".
José Barbosa Galvão, de 53 anos, que vive há 22 anos com a transexual
Vanessa Alves, de 49 anos, comemorou a união e afirmou que participou da
cerimônia para realizar um sonho da cônjuge. "Eu já tinha sido casado,
mas ela tinha esse sonho e realizamos hoje. Já tínhamos união estável e
agora conquistamos mais esse passo".
O casal Marcos da Costa e Josué dos Santos, que está junto há 12 anos,
foi à cerimônia buscando o reconhecimento do Estado e os direitos que o
casamento proporciona, como a facilidade de ter conta conjunta, ser
dependente em plano de saúde e ter direito à herança sem a necessidade
de um testamento. Para eles, o preconceito está diminuindo. "O casamento
e a família são instituições importantes na vida da gente. Nunca nos
separamos e criamos meu filho biológico juntos. Hoje, nosso neto está
aqui".
Nilzete Ferreira, de 49 anos, confessou estar nervosa antes da
cerimônia, mas feliz. "Muita coisa muda para minha esposa e minha filha a
partir de amanhã. Será mais fácil ter plano de saúde e conta conjunta.
Estamos muito felizes".
Edição: Carolina Pimentel//Texto atualizado às 19h56 para
correção de informação no primeiro parágrafo. Foram realizadas
anteriormente cerimônias coletivas de uniões estáveis de homossexuais, e
não de heterossexuais, como informado
Fonte: Agência Brasil
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