Autor(es): Por Téo Takar | De São Paulo /Informação do dia: 03/04/2013
A Bovespa devolveu ontem toda a alta acumulada nos últimos três pregões de março, perdeu o importante suporte gráfico de 55 mil pontos e, por muito pouco, não bateu nova mínima no ano. Os investidores ignoraram completamente o bom humor nos mercados internacionais e voltaram a vender ações brasileiras com força.
Os investidores reagiram ao dado de produção industrial e também às declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em audiência no Senado.
"A queda na produção industrial já era esperada. Mas o dado fraco coloca novamente em questão quais serão os próximos passos na condução da política monetária", avalia o analista-chefe da XP Investimentos, Rossano Oltramari. "Apesar do discurso de Tombini de que a tendência é de recuperação, ainda não há sinais de retomada."
"A desconfiança do mercado com o governo continua", acrescenta o chefe de análise da SLW Corretora, Pedro Galdi, lembrando que há alguns meses o investidor estrangeiro vem apostando pesado na baixa da bolsa brasileira como reflexo da perda de credibilidade no governo após intervenções em setores como energia e bancos e na Petrobras.
"Há muito ruído no mercado. O governo perdeu um pouco da sua credibilidade. Banco Central e o resto do governo precisam estar alinhados na condução de toda a política macroeconômica" para que ocorra uma virada dos mercados, explica Oltramari.
Também pesou sobre a bolsa brasileira a desvalorização das commodities no mercado internacional. O receio de que a desaceleração da economia europeia possa reduzir a demanda por matérias-primas pressionou as cotações, afetando diretamente ações de mineradoras, siderúrgicas e fabricantes de papel e celulose. O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) para o setor industrial da zona do euro caiu de 47,9 em fevereiro para 46,8 em março, o menor nível desde dezembro.
O Ibovespa terminou em baixa de 1,81%, aos 54.889 pontos, depois de registrar mínima no dia de 54.809 pontos, e muito perto da menor pontuação de fechamento deste ano, de 54.873 pontos, registrada em 25 de março. Dessa forma, a bolsa voltou a acumular perda de 10% em 2013. O volume financeiro foi de R$ 6,432 bilhões. Entre as ações mais negociadas, Vale PNA perdeu 1,75%, para R$ 31,84, Petrobras PN caiu 1,88%, para R$ 17,70, e OGX ON recuou 3,46%, a R$ 2,23.
Apenas dez das 69 ações do Ibovespa fecharam em alta. No topo da lista ficaram Souza Cruz ON (2,97%), Vanguarda Agro ON (2,38%), Pão de Açúcar PN (1,63%) e Rossi ON (1,63%). A construtora anunciou uma série de mudanças em seu plano estratégico para o período de 2013 a 2015. O foco da empresa deixou de ser o valor geral de vendas (VGV) e o banco de terrenos e passou para a geração de caixa e a rentabilidade, dando preferência a empreendimentos de média e alta renda. A atuação será focada em sete regiões metropolitanas. Antes, a Rossi previa uma expansão e diversificação geográfica em 120 cidades.
Na outra ponta da bolsa ficaram Brookfield ON (-9,01%), Gol PN (-6,39%) e Usiminas ON (-6,02%). A Brookfield fez revisões em seu orçamento que tiveram impactos nos resultados de 2012 e também de 2011. A empresa republicou o balanço do ano retrasado, com lucro de R$ 161,5 milhões, bem menor que o ganho de R$ 326,8 milhões divulgado inicialmente.
Fonte: Valor Econômico
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