- 10/03/2014 21h24
- São Paulo
Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil
Edição: Stênio Ribeiro
O presidente da Associação Nacional dos
Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, disse hoje
(10) que o financiamento de veículos, via leasing, pode ser
retomado nos próximos meses. Segundo Moan, o Superior Tribunal de
Justiça (STJ) publicou recentemente um acórdão que resolveu as
incertezas jurídicas sobre a operação. “O leasing é um
instrumento fundamental, e já representou quase metade do sistema de
financiamento do setor automotivo”, disse ele, depois de reunião com o
ministro da Fazenda, Guido Mantega, para apresentar as demandas do
setor.
De acordo com Moan, havia um disputa sobre para qual município a empresa de leasing
deveria pagar o Imposto Sobre Serviços (ISS). Pela decisão judicial, o
tributo deve ser recolhido na cidade onde está localizada a sede da
empresa financiadora. Com a definição, o presidente da Anfavea acredita
que o modelo pode ser reintroduzido no mercado em até três meses. Ele
disse ainda que a possibilidade da retomada está sendo estudada pelo
ministério.
No contrato de leasing, o veículo adquirido fica em posse da
financiadora, que aluga o carro para a pessoa que solicitou o crédito.
Ao final de um período estipulado em contrato é possível adquirir
definitivamente o veículo, devolvê-lo à empresa ou até renovar o
contrato.
Saiba Mais
O
modelo, que representava, em 2006, 47% dos financiamentos de veículos,
atualmente responde por menos de 2% do sistema de crédito para
automotivos. “Se olharmos mercados mais maduros, a grande maioria do
crédito é via leasing”, ressaltou Moan. Para ele, o retorno desse tipo de operação pode contornar a falta de crédito que afeta o mercado brasileiro.
“Até o momento, nós temos mantido uma performance de vendas muito boa.
Mas ainda com algumas restrições, em função da seletividade do crédito”,
ponderou.
Outra medida defendida pela Anfavea, na reunião com Mantega, foi a adoção de um programa permanente para renovação da frota de caminhões.
“A proposta básica desse programa é incentivar a troca de caminhões com
mais de 30 anos de uso por caminhões novos, ou com até dez anos de
uso”, pontuou o presidente da entidade.
Pela proposta, os proprietários receberiam um valor pelos veículos
velhos, que seriam enviados para reciclagem. Além disso, seria
disponibilizado crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) para a compra de um caminhão novo. “Somente em custos,
em acidente de trânsito provocados pelos caminhões, teríamos uma
economia de R$ 4,9 bilhões por ano em custos de assistência médica,
eventuais pensões e custo do seguro DPVAT" [Seguro de Danos Pessoais
Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre]. Economia bem maior
que os estimados R$ 900 milhões a serem gastos com a implementação da
iniciativa.
A renovação da frota traria ainda, segundo Moan, benefícios
ambientais, e aumentaria a eficiência do sistema de transporte de
cargas. “Um caminhão novo polui, em relação a um de 30 anos atrás, 96% a
menos”, e existem, de acordo com ele, cerca de 230 mil caminhões com
mais de 30 anos de uso rodando nas estradas brasileiras. A meta do
programa seria retirar de circulação 30 mil deses veículos por ano.
Durante o encontro com o ministro, o setor automotivo solicitou,
ainda, a abertura de uma linha de crédito entre Brasil e Argentina para
fortalecer o mercado bilateral. O país vizinho sofre com problemas
cambiais. “Nós dependemos de peças produzidas por eles, para montar
veículos no Brasil, e eles dependem de peças brasileiras para montar
veículos lá”, ressaltou Moan sobre a importância estratégica da
indústria argentina em relação à brasileira.
Fonte: Agência Brasil
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