Uma das maiores jazidas de titânio do país foi arrematada ontem pela Vale Fertilizantes, braço da mineradora Vale. O leilão ocorreu no município de Catalão, em Goiás, onde está localizada a jazida. A Vale apresentou proposta para as três áreas que tinham seus direitos minerários sob controle da Metais de Goiás S/A (Metago). Empresa pública do governo estadual, a Metago está em processo de liquidação e realizou o leilão para pagar suas dívidas.
Ao todo, as três áreas leiloadas possuem cerca de 85 milhões de toneladas de titânio. Segundo o geólogo responsável pelos estudos técnicos da jazida, o especialista Wanderlino Teixeira de Carvalho, trata-se da última grande jazida de titânio do Brasil e uma das maiores do mundo.
Ao vencer o leilão, a Vale garantiu praticamente o controle nacional para produção de titânio, mineral que é muito utilizado na fabricação de tintas, computadores, instrumentos musicais, bicicletas e peças de implante ósseo, entre outras utilidades.
A licitação foi realizada em duas etapas. Na primeira, a Vale surpreendeu os responsáveis pela concorrência, ao apresentar uma proposta que prevê o pagamento ao governo de Goiás de uma alíquota de 8% de royalty sobre a exploração. O lance também inclui o pagamento de R$ 8 milhões para assumir o direito minerário da jazida. O edital da concorrência previa o pagamento de um percentual mínimo de 2% de royalty e um lance mínimo de R$ 4 milhões para transferência das áreas. "Esse percentual de 8% é realmente alto, bem acima da média internacional, que fica em torno de 4%. O resultado é muito positivo", disse Carvalho ao Valor.
Na segunda etapa do leilão, quando foi oferecida uma terceira área com menor teor de titânio, a minerador acabou oferecendo o piso do que foi proposto para aquele lote - royalty de 2% e lance de R$ 1 milhão. Ao todo, 17 empresas chegaram a retirar o edital para avaliar a licitação, mas apenas a Vale acabou fazendo uma proposta formal pelas jazidas de titânio. Procurada, a Vale Fertilizantes não comentou o assunto até o fechamento desta edição.
Hoje o Brasil é um importador de titânio. O valor das importações brasileiras em 2011, segundo informações do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), foi de US$ 580,5 milhões. Enquanto isso, as exportações totalizaram pouco mais que 10% desse valor, causando um déficit na balança comercial de titânio e derivados de US$ 515,5 milhões. Os maiores produtores mundiais são Austrália (19,4%), África do Sul (17,3%), Canadá (10,4%) e Índia (8,6%). O Brasil é o maior produtor da América Latina, com 1,1% da produção mundial de titânio em 2011.
Em 2011, o Brasil importou mais de 200 mil toneladas de produtos de titânio. Os compostos químicos, basicamente pigmentos para tintas, representam cerca de 80% dessas importações.
Hoje, os principais municípios produtores de titânio no Brasil são Mataraca (PB), São Francisco de Itabapoana (RJ) e Santa Bárbara de Goiás (GO). A produção brasileira de titânio concentrado cresceu 26,5% em 2011, passando de 56.259 toneladas em 2010 para 71.148 toneladas, no ano seguinte. A demanda pelo mineral no país, segundo o DNPM, tem crescido a uma média de 15% por ano.
Na região de Catalão, onde já atuam a própria Vale e a mineradora britânica Anglo American, em produção de fosfato, está localizada a maior concentração de terras raras do mundo. Nas áreas da Anglo American, segundo o DNPM, há um depósito com 1,1 milhão de toneladas de fosfato que contêm cério e lantânio, dois dos 17 elementos químicos que compõe o grupo das terras raras. Hoje esse mercado é dominado pela China, que possui cerca de 50% das reservas mundiais de terras raras e que lidera a produção mundial desses elementos, com mais de 97% dos óxidos de terras raras produzidos em 2011. O Brasil gastou US$ 53,64 milhões com importação de compostos químicos e produtos manufaturados com terras raras em 2011. A expectativa é de que investimentos nessa área sejam retomados neste ano.
Fonte: Valor Econômico
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