04/02/2013
Helicóptero cai com ex-general Lino Oviedo, candidato à Presidência; partido fala em atentado
Tragédia. Autoridades resgataram os restos do helicóptero na manhã
de ontem, em Presidente Hayes: Oviedo teria insistido com piloto para
viajar, mesmo com tempestade
Assunção A morte do candidato à Presidência do Paraguai e ex-general
Lino César Oviedo, após a queda do helicóptero em que viajava entre a
noite de sábado e a madrugada de ontem, agitou o cenário político do
país a pouco mais de dois meses das eleições presidenciais. Oviedo, de
69 anos, voltava à capital depois de participar de um comício em
Concepción, 440 quilômetros ao norte de Assunção, mas a aeronave não
chegou ao destino. As causas do acidente estão sendo investigadas pelas
autoridades. Embora os dados iniciais apontem que o piloto teria
desviado de uma tempestade, representantes do partido de Oviedo, a
União Nacional de Cidadãos Éticos (Unace), insistem na hipótese de um
atentado arquitetado pela máfia, e para isso se amparam na coincidência
histórica de o incidente ter acontecido no aniversário de 24 anos da
derrubada da ditadura no Paraguai - Oviedo participou do golpe do
Estado que derrubou o ditador Alfredo Stroessner e foi um dos oficiais
do Exército encarregados de prendê-lo.
Para o porta-voz do partido Unace, César Durand, o helicóptero em
que Oviedo viajava não caiu por acidente, mas em consequência de um
crime político.
- Muito pouca gente vai se animar a dizer isso, mas esta é uma
mensagem da máfia. Quem era a pessoa que mais ameaçava a máfia?
Justamente ele, e acontece isso - especulou Durand em entrevista a uma
rádio local. - O general era uma pessoa precavida, jamais levantaria
voo sabendo que havia uma tempestade.
Já o presidente do Congresso, Jorge Oviedo Matto, descartou, por
enquanto, a tese de atentado, e recordou que o líder do partido "morreu
trabalhando, como gostava". Ele acrescentou que Oviedo decidira viajar
de helicóptero à noite porque domingo cedo já teria compromissos em
Assunção.
A ministra da Defesa, María Liz García, pediu que não se especule sobre o acidente.
- Eu não posso pensar nem deixar de pensar que foi um atentado.
Todas as hipóteses são válidas até que o caso seja esclarecido - disse
ao jornal paraguaio "ABC Color".
As versões sobre as condições do voo de Oviedo variam. Segundo a
publicação, citando testemunhas, o ex-general insistiu em decolar,
apesar das condições meteorológicas desfavoráveis e das recomendações
do piloto, um militar reconhecido por sua habilidade em voos noturnos,
segundo a imprensa local. Além disso, a aeronave não teria equipamentos
adequados ao voo noturno.
Oviedo deixou Concepción por volta das 20h45m do sábado (hora
local). O helicóptero perdeu contato com a torre de controle pouco
depois, por volta das 22h. À 0h40m, a torre do Aeroporto Silvio
Pettirossi, Assunção, colocou o sistema de socorro aeronáutico do país
em alerta - Oviedo deveria ter aterrissado às 23h. Equipes de busca
encontraram às 8h de ontem a aeronave destroçada no departamento de
Presidente Hayes, com três corpos carbonizados, que seriam de Oviedo,
de seu segurança, Denis Galeano, e do piloto, Ramón Aurelino Delmás. Os
restos mortais foram levados a Assunção, para confirmar identidades e
causas de morte.
Ao mesmo tempo, funcionários do Centro de Investigação e Prevenção
de Acidentes Aéreos analisarão as hipóteses que teriam levado à queda
do helicóptero. Especialistas estrangeiros serão acionados hoje pelas
autoridades paraguaias para ajudar nessa tarefa.
Filho pode substituir na chapa
O diretor da Aeronáutica Civil, Carlos Fugarazzo, reconheceu que as
condições climáticas não eram propícias para que a aeronave, um
helicóptero Robinson 44, fizesse o voo, segundo o "ABC Color". Ele
insistiu, porém, que todas as hipóteses de investigação serão
consideradas.
Ontem, partidários da Unace se reuniram na sede da legenda, em San
Lorenzo, para homenagear o criador do partido. Oviedo concorreria à
Presidência nas eleições de 21 de abril pela legenda que criou após sua
saída do Partido Colorado, há dez anos. A imprensa paraguaia especula
que o filho de Oviedo, Ariel, que é deputado, poderia ser o novo
candidato da Unace nas eleições, apesar de não ter a mesma
expressividade política do ex-general. Pelo estatuto do partido, porém,
Alberto Soljancic, candidato a vice-presidente, deveria passar a
liderar a chapa.
- É uma grande perda para o partido, por se tratar de um político
aglutinador, e possivelmente o último líder político real do Paraguai -
disse Soljancic a uma rádio local.
O candidato do opositor Partido Colorado e favorito à Presidência,
Horacio Cartes, suspendeu as atividades de campanha previstas para
ontem. O presidente do Paraguai, Federico Franco, decretou três dias de
luto.
Fonte: O Globo/Portal ClippingMP
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