- 22/04/2014 21h18
- São Paulo
Elaine Patrícia Cruz e Daniel Mello - Repórteres da Agência Brasil
Edição: Stênio Ribeiro
O governo federal está aumentando em 5 mil vagas a
capacidade dos serviços de acolhimento ao imigrante em todo o país. A
informação foi divulgada na noite de hoje (22) por nota do Ministério da
Justiça. Entre 400 e 500 imigrantes haitianos chegaram à capital
paulista na última semana, segundo estimativa da prefeitura. O aumento
do fluxo de pessoas aconteceu após o fechamento dos serviços que faziam
atendimento a esses estrangeiros no Acre.
“Ocorre que o estado do
Acre passa por uma calamidade decorrente de uma enchente histórica, que
afetou as condições de recepção aos imigrantes haitianos,
impossibilitando o seu trânsito voluntário e o fluxo regular e gradativo
ao restante do país”, explica o comunicado do ministério. Devido aos
problemas, o Acre está temporariamente “facilitando” o deslocamento dos
imigrantes para outros estados.
Com
o aumento do número de haitianos, a Igreja Nossa Senhora da Paz, que
atende desde 1939 a imigrantes que chegam à capital paulista, enfrenta
dificuldades para fazer o acolhimento. “Faz oito ou nove dias que eles
estão chegando, desde que foi desativado o abrigo lá do Acre. A
Secretaria de Direitos Humanos do Acre pensou então em transferi-los
para São Paulo para que, daqui, eles possam ir para outros lugares do
Brasil. Mas, de fato, quase dois terços [dos imigrantes] ficaram em São
Paulo, em situação precária, sem dinheiro para continuar”, ressaltou o
padre Paolo Parise, do Centro de Estudos Migratórios (CEM).
Parise disse, em entrevista à Agência Brasil,
que nos últimos dias passaram quase 400 imigrantes pela igreja. O
número praticamente dobrou em relação ao que era rotina no local.
“Chegamos a abrigar 94 pessoas por noite, além da Casa do Migrante, que
também acolhe 110 pessoas por noite”, falou.
“O que está
acontecendo aqui nos últimos dias é excepcional. Um grande número de
imigrantes que, por falta de articulação maior entre os governos, acabou
chegando aqui, e nós temos que encontrar respostas para isso. Fazemos
nossa parte, mas quem deveria dar as respostas é o Poder Público”,
avaliou o padre Antenor Dalla Vecchia. “Nossa infraestrutura é muito
precária para esse tipo de atendimento. É um salão, onde há alguns
banheiros, sem chuveiro”, acrescentou.
Segundo a prefeitura
paulistana, não há, na cidade, centros públicos de atendimento a
imigrantes como o que funcionava em Brasileia (AC). A Secretaria
Municipal de Direitos Humanos e Cidadania disse ainda que foi pega de
surpresa, já que o governo do Acre não comunicou a nenhum ente da
Federação sobre a decisão de fechar o abrigo. Por causa dessa situação,
hoje ocorreu uma reunião emergencial, envolvendo várias secretarias
municipais paulistanas (Saúde, Direitos Humanos, Trabalho e Assistência
Social), e amanhã haverá nova reunião para a elaboração de um plano
emergencial para resolver o problema.
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
comente