- 26/02/2015 05h35
- Brasília
Jéssica Gonçalves - Repórter da Radioagência Nacional
Edição: Graça Adjuto
Uma
quadra de esportes com cobertura, mas sem piso. No parquinho, o balanço
só tem as traves. A gangorra está quebrada e o escorregador,
enferrujado. Em volta, o mato está alto. As poucas salas de aula são
pequenas e mal ventiladas. Algumas têm até buracos no chão. São cinco
salas e dois banheiros para 94 alunos. Essa é a Escola Classe Incra 7,
em Brazlândia, unidade rural que fica a cerca de 35 quilômetros do Plano
Piloto. O ensino era integral até o ano passado, mas o sistema parou de
funcionar por falta de infraestrutura.
Segundo a diretora,
Cristiane Milani, a unidade não está na lista das que vão receber uma
reforma este ano. “A gente saiu da educação integral de dez horas, que é
um ganho pedagógico maravilhoso, porque a estrutura física nos limitou.
Ninguém soube explicar o motivo de não termos sido contemplados, nem a
própria regional de ensino. Temos uma sala com um buraco de 30
centímetros de comprimento, já com determinada profundidade, então a
gente não consegue entender o porquê de nossa escola não ter sido
atendida”, lamentou.
Lucas Braga (6 anos) é neto da aposentada
Lurdes Braga e estuda na Escola Classe Incra 7. A avó conta que admira o
trabalho dos professores, mas reconhece que o local precisa de uma
série de reparos. “Eles separam um dia no mês para a família, eu achei
isso muito bom, entrosa as crianças. Mas eu acho que poderia fazer mais
concreto, para as crianças não ficarem pisando na terra, e melhorar a
pintura, que está muito feia”, observou.
Um relatório do Tribunal
de Contas da União (TCU) divulgado no fim do ano passado apresenta o
diagnóstico da educação no Distrito Federal. O estudo, que avaliou em
2014 as instalações físicas das escolas públicas e os problemas
relacionados à manutenção e reforma, mostra que 44% das escolas precisam
de pequenos reparos, 31% estão em condições ruins e 6% estão em
péssimas condições, a maioria delas no campo.
Na Escola Classe
Incra 7 os utensílios da cozinha são guardados no chão, embaixo da pia,
porque não há armários. Além disso, as crianças são obrigadas a comer o
mesmo tipo de alimento por vários dias, porque a comida que chega não é
diversificada.
O aluno Lucas disse que, às vezes, enjoa da
merenda. “Eu não gosto muito, queria que tivesse mais macarrão e
salsicha”, comentou o menino.
Atualmente, a escola tem cinco
professores, mas precisa de mais quatro. Segundo o diretor de imprensa
do Sindicato dos Professores do DF, Samuel Fernandes, a carência de
profissionais em toda a rede pública de ensino é muito maior do que os
números apresentados pelo governo. “Hoje, a Secretaria de Educação alega
que há um déficit de cerca de 3.500 professores, mas a carência de
efetivos e temporários na rede é bem maior. Falta uma movimentação do
governo para contratar”.
O Distrito Federal tem, atualmente, 75
escolas rurais, 12 só em Brazlândia. A principal característica das
escolas no campo é que elas são pequenas, com poucos professores. Em
muitas delas, o mesmo profissional exerce atividades de diretor e dá
aulas para diferentes séries.
Segundo o GDF, 3.500 professores
foram contratados temporariamente na rede pública em janeiro. A
estimativa é que sejam necessários mais 3 mil ao longo do ano para
suprir as vagas de futuras licenças.
Fonte: Agência Brasil
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