17/10/2014 21h40
18/10/2014 07h49
Rio de Janeiro
Akemi Nitahara – Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli
Por dois dias, representantes de instituições de pesquisa que auxiliam os governos nas tomadas de decisão debateram as questões nacionais e trocaram experiência sobre o trabalho de cada país no segundo Encontro Latino-Americano de Think Tanks, que no terminou hoje (17) no Rio de Janeiro. O evento ocorreu na Fundação Getulio Vargas (FGV).
Think tanks são instituições que existem em todo o mundo com o objetivo de dar subsídios e melhorar a qualidade das tomadas de decisões públicas nos países, geralmente feito com a apresentação de pesquisas.
O diretor executivo do Centro Latino-Americano da FGV, Marlos Lima, explica que o encontro, inédito, mostrou a necessidade de se discutir a agenda comum a toda a região. “Nós tivemos aqui presentes os principais think tanks da América Latina e sentimos que há uma demanda muito grande pela discussão dos assuntos relevantes nas agendas de todos esses países. É uma oportunidade que a gente tem de discutir a realidade nacional com aqueles que formam os policy makers, aqueles que tomam as decisões [políticas]”.
O último palestrante do evento foi o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Sergei Suarez. Ele explicou o funcionamento do órgão, que existe há 50 anos e é ligado ao governo, e deu exemplos de como o trabalho do Ipea auxiliou na implantação de alguns programas de redução da desigualdade social e do controle da criminalidade, além de ideias para melhorar a mobilidade urbana, demandas que surgiram no governo depois das manifestações de junho de 2013.
Para Suarez, o Ipea deveria aumentar as parcerias na América Latina. “A gente tem parcerias com vários think thanks, a FGV é uma delas. Agora, eu acho que a gente devia buscar mais parcerias com as agências de outros países em desenvolvimento, que eu acho que tem mais visões e problemas semelhantes aos nossos. A gente deveria se esforçar mais, por exemplo, com o da Bolívia, que é muito parecido com a gente, é um órgão de governo também, faz o mesmo tipo de coisa, e a gente tem pouquíssima relação com eles”.
Quanto aos desafios atuais, sem apontar um caminho, Suarez destaca os estudos para melhorar o nível de investimento no país e levar ao crescimento da economia. “Tem que ter uma solução, estamos trabalhando no assunto, não pode não ter uma solução, tem que ter. Não só nós, está todo mundo trabalhando no assunto, é a esfinge, decifra-me ou te devoro, tem que ter uma solução”.
Com relação à decisão do Ipea de suspender a divulgação da análise dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) sobre desigualdade social, notícia publicada pelo jornal Folha de S.Paulo e que levou ao pedido de demissão do diretor Herton Araújo, o presidente reiterou que foi uma decisão da diretoria baseada na interpretação da lei eleitoral. “Ele pediu exoneração por discordar da decisão, normal. Não foi orientação do governo não divulgar a pesquisa, foi uma decisão nossa. Existe a legislação, que é relativamente draconiana, e a interpretação da legislação é mais ou menos ampla. Há interpretações mais rígidas ou menos rígidas, essa foi a nossa interpretação”, disse.
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