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domingo, 6 de setembro de 2015

Especialistas debatem no Rio casos de mortes hospitalares

06/09/2015 18h14
Rio de Janeiro
Flávia Villela - Repórte da Agência Brasil
Considerado um problema para o sistema de saúde do ponto de vista financeiro, o número de pessoas que morrem em hospitais no Brasil foi discutido na conferência de geriatria, promovida pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, na capital fluminense, que termina hoje (6).

Com o envelhecimento da população, o alto número de mortes de brasileiros em hospitais tende a aumentar ainda mais, destacou o presidente da entidade, João Bastos. "No Brasil, 72% das mortes hoje no país são causadas por doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares e respiratórias, sendo que a população idosa é a mais acometida por doenças crônicas."

O especialista lamentou a carência de serviços de cuidados paliativos prestados em ambiente familiar no Brasil. Cuidados Paliativos foram de nidos pela Organização Mundial de Saúde como abordagem ou tratamento que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida.

Ele explicou que, no sistema de saúde suplementar, os chamados serviços de home care existem para poucos com planos de saúde. “Precisamos avançar na capacitação de profissionais em atenção domiciliar e em cuidados paliativos, além de claro, além de profissionais que entendam da população idosa. Hoje somos 1.160 geriatras para 28 milhões de idosos”. Uma média de um geriatra para cada 20 mil idosos, conforme dados recentes do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Questão cultural

Para o diretor do Departamento de Geriatria da Universidade de Cornell (EUA), Fernando Kaway, convidado ao evento, o alto número de mortes hospitalares não é apenas de fundo financeiro, mas também cultural.

“Infelizmente, na medicina moderna, poucos médicos têm a coragem de iniciar essa discussão e reconhecer que o paciente está em um estágio avançado da doença e que o fim está próximo”, disse ele sobre a situação dos doentes terminais. “Vivemos em uma sociedade em que a medicina é algo milagroso que salvará sua vida, é muito difícil reconhecer que o final chegou e que não há nada que a medicina possa fazer”, acrescentou.

Kaway defende que o Brasil implemente os chamados Hospices Cares, uma realidade nos EUA e em outros países desenvolvidos, que consiste em equipes multidisciplinares domiciliares para pacientes crônicos ou terminais. “Um paciente que opte por um tratamento menos agressivo pode ser tratado em casa, com controle da dor, apoio emocional e social para a família. Segundo ele, enquanto o reembolso do Medicare de um dia em unidade de terapia intensiva (UTI) sai por US$5 mil, a de um Hospice Care sai por US$250.

Em um estudo que ele fez pela universidade de Standford, na Califórnia (USA), dos 315 pacientes acima de 85 anos internados em um hospital com doenças crônicas e terminais, 73% preferiam ir para casa a continuar o tratamento agressivo. “É preciso uma conversa franca e apoio à família, pois ninguém quer passar seus últimos dias longe da família, cercado de máquinas e alarmes”.

Programa Melhor em Casa

O Programa Melhor em Casa, do Ministério da Saúde, tem um perfil parecido ao Hospice Care, porém com foco nas pessoas com necessidade de reabilitação motora, idosos, pacientes crônicos sem agravamento ou em situação pós-cirúrgica. O programa visa a melhorar e ampliar a assistência do Sistema Único de Saúde (SUS) aos pacientes com agravos de saúde, que possam receber atendimento humanizado, em casa, e perto da família e reduzir as filas das emergências nos hospitais e unidades de pronto-atendimento.

Edição: Talita Cavalcante


Fonte: Agência Brasil

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