26/06/2013 - 21h02
Nacional
Isabela Vieira
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - Os moradores do Complexo da Maré querem um pedido oficial de desculpas do governo do estado do Rio e da Secretaria Estadual de Segurança Pública pela operação policial que deixou nove mortos, incluindo um sargento da Polícia Militar, na comunidade. Hoje (26), grupo de moradores fez ato em frente à secretaria em protesto contra a ação e para denunciar excessos por parte dos policiais.
Os moradores anunciaram uma manifestação para a próxima terça-feira (2), a partir das 17h, que fechará trecho da Avenida Brasil – principal via de ligação entre o centro e as zonas norte e oeste. O objetivo é chamar a atenção para o transtorno que as operações policiais causam na vida dos moradores da Maré.
O clima de tensão na favela Nova Holanda, na Maré, começou no fim da tarde de segunda-feira (24) depois que a Polícia Militar entrou na comunidade em busca de homens que aproveitaram uma manifestação para promover um arrastão, roubar mercadorias de lojas e assaltar motoristas que passavam pela Avenida Brasil. Houve confrontos com traficantes de drogas.
Segundo o diretor da organização não governamental Observatório de Favelas, Jaílson de Souza, que atua na Maré, os moradores de comunidades pobres do Rio têm sido vítimas de uma política que funciona na “lógica da guerra”. Na avaliação dele, o Estado precisa ser “pacificado”, por meio da desmilitarização da Polícia Militar e “do combate às armas em vez de o combate às drogas”.
“O governo estadual foi eleito com a estratégia de polícia de pacificação", disse Jaílson. “São nove mortes em um país onde não existe a pena de morte”, completou.
De acordo com Shirley Resende, da organização não governamental Redes de Desenvolvimento da Maré, que mora na comunidade, a ação da polícia foi irresponsável e em represália à morte de um policial. “A polícia ameaçou moradores, invadiu casas, usou bombas de efeito moral, gás de pimenta e matou com bala na cabeça”, disse a pesquisadora.
Jaílson lembrou que a Maré, com aproximadamente 140 mil pessoas, é densamente povoada. Segundo ele, o risco de uma bala atingir um morador é grande e, por outro lado, um policial militar, que é obrigado a trabalhar obedecendo a regras dentro dessa linha de atuação, também está em risco. “Uma mudança paradigmática da política é necessária”, disse.
O governo do estado, por meio da Secretaria de Segurança, disse que as mortes estão sendo investigadas pela Polícia Civil e que os locais dos crimes foram preservados.
Tiros atingiram transformadores de energia e a comunidade ficou sem luz desde a noite de segunda-feira até a manhã de hoje (26), quando a energia foi restabelecida. Nos dias da operação, poucos alunos compareceram às aulas nas escolas estaduais e municipais.
Edição: Carolina Pimentel
Fonte: Agência Brasil
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