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terça-feira, 28 de maio de 2013

Azul fará IPO para ampliar operação e pagar dívidas

Autor(es): Por Marina Falcão, Adriana Meyge e Talita Moreira | De São Paulo
28/05/2013


A Azul, terceira maior companhia aérea do Brasil, informou ontem que pretende usar os recursos da sua oferta pública inicial de ações (IPO) para aumentar a frota e as rotas oferecidas, quitar empréstimos, pagar o arrendamento de aeronaves e reforçar seu capital de giro. A companhia divulgou ontem prospecto sobre a emissão dos papéis.

Segundo o Valor apurou, o IPO pode movimentar R$ 1,1 bilhão. A maior parte irá para o caixa da companhia, cujo endividamento quadruplicou em três anos.

As ações serão listadas no nível 2 de governança da BM&FBovespa e na Bolsa de Nova York, onde serão negociadas na forma de ADRs. A empresa só emitirá ações preferenciais (sem direito a voto).

Os atuais acionistas da Azul, inclusive o controlador e fundador David Neeleman, poderão vender ações em uma eventual oferta secundária, mas esta operação só será realizada em caso de colocação de lote suplementar. Outros sócios relevantes são Weston Presidio, TPG Growth, Gávea Investimentos, Grupo Bozano e Grupo Águia Branca.

Além da Azul, CPFL Energias Renováveis, AutoBrasil e Votorantim Cimentos também devem testar o apetite dos investidores em breve. No caso da Azul, o mal desempenho das ações das suas rivais na bolsa pode pesar contra a iniciativa. Os papéis de Gol e Latam (listada no Chile) têm queda este ano de 18,7% e 20,4%, respectivamente, enquanto o Ibovespa recua 7,5%.

Após encerrar 2012 com prejuízo de R$ 170, 8 milhões - 62% maior que em 2011 -, a Azul registrou lucro de R$ 30,6 milhões de janeiro a março, ante um prejuízo de R$ 2,5 milhões um ano antes. No trimestre, a receita líquida mais que dobrou, para R$ 1,24 bilhão e o lucro operacional subiu 257%, para R$ 128 milhões.

No prospecto da oferta, a Azul atribui a melhora principalmente às receitas geradas pela expansão da malha aérea com a aquisição da Trip, economias com ganho de escala e mais eficiência operacional. A compra da Trip foi anunciada em maio e aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em novembro.

Nos últimos anos, a Azul financiou sua expansão com o próprio caixa e capital de terceiros. De 2010 para cá, o endividamento bruto da empresa aumentou quase quatro vezes, para R$ 3 bilhões. Desse montante, R$ 1 bilhão vence no curto prazo e, ao fim de março, companhia tinha R$ 420 milhões em caixa para fazer frente aos compromissos.

Com os novos recursos, a Azul pretende pagar dívida de R$ 100 milhões contraída para capital de giro com o Grupo Bozano, acionista com 2,4% do capital da empresa.

Após a aquisição da Trip, a Azul se tornou a terceira maior companhia aérea do país, com participação de mercado de 16,75% em março, atrás de Gol e TAM. A integração das duas empresas gerou, até agora, despesas não recorrentes de R$ 44 milhões. No prospecto da oferta, a Azul informa que "caso não seja possível integrar com sucesso as duas operações comerciais, podemos não conseguir recuperar esse investimento".

A dependência do aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), que concentra cerca de 34% de seus pousos e decolagens, também é um risco para a companhia. A Azul cita ainda as oscilações nos custos de combustível e a concorrência forte no setor como possíveis ameaças para seus negócios.

Com frota de 118 aviões, a Azul é a mais recente entre as quatro companhias aéreas de Neeleman, que também fundou a JetBlue Airways, a Morris Air e a WestJet.
Fonte: Valor Econômico 

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