21/08/2015 12h22
21/08/2015 14h35
Brasília e São Paulo
Ivan Richard e Flávia Albuquerque - Repórteres da Agência Brasil
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, denunciado ontem (20) pelo Ministério Público Federal (MPF) ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, disse hoje (21), em São Paulo, que não vai renunciar do comando da Casa.
Durante evento promovido pela Força Sindical, Cunha afirmou que a renúncia não faz parte do vocabulário dele “e não fará”. “Ninguém pode ser previamente condenado. Estou absolutamente sereno. Nada alterará o meu comportamento. Não adianta nenhuma especulação sobre o que vou fazer ou deixar de fazer. Não vou abrir mão de nenhum direito. Não há a menor possibilidade de eu não continuar no comando da Câmara”, disse o peemedebista.
“Eu tenho um mandato pelo qual eu fui eleito e vou continuar exercendo até o último dia. A Câmara tem as suas decisões pela sua maioria. O presidente não é dono da Câmara e sequer consegue ser dono da pauta”, disse após participar de encontro com sindicalistas.
Na denúncia encaminhada ao STF, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, diz que Eduardo Cunha recebeu propina por meio empresas sediadas no exterior e empresas de fachada. Na denúncia, Janot também pede que o presidente da Câmara pague U$S 80 milhões pelos danos causados à Petrobras. Foi a primeira denúncia contra um parlamentar investigado na Operação Lava Jato. Em delação premiada, o lobista Júlio Camargo disse que o parlamentar recebeu propina de US$ 5 milhões para viabilizar a contratação de dois navios-sonda pela Petrobras ao estaleiro Samsung Heavy Industries em 2006 e 2007.
O negócio foi formalizado sem licitação e ocorreu por intermediação do empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, que está preso há nove meses em Curitiba, e o ex-diretor da Área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Ontem, Cunha, por sua vez, contestou a denúncia “com veemência” e chamou de “ilações” os argumentos apresentados por Janot. Em nota, divulgada após a denúncia, Eduardo Cunha se disse inocente e aliviado. “Fui escolhido para ser investigado e, agora, ao que parece, estou também sendo escolhido para ser denunciado”. O peemedebista criticou o PT e o governo, a quem atribui o fato de ser alvo da denúncia.
Ele voltou a defender o fim da aliança entre PT e PMDB. "O assunto tem que ser discutido do foro apropriado e o partido já convocou um congresso para discutir esse assunto. Eu vou pregar o fim dessa aliança".
Dilma Rousseff
O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, disse que não está fazendo movimentos contra ou a favor da presidenta da República Dilma Rousseff. Acrescentou que seu papel é institucional e que não cabe a ele se engajar em qualquer ação externa a essa função.
Ele disse que vem se comportando na presidência da Câmara conforme o que prometeu, não submetendo a Casa ao Poder Executivo, não atrapalhando a governabilidade, mas exercendo o que é desejo da maioria. “Prometi que não iríamos deixar que o Poder Legislativo continuasse sendo o puxadinho do Palácio do Planalto. É preciso que se faça um balanço e veja como a Câmara vem se portando com relação à independência prevista na Constituição, que diz que os Poderes são independentes e harmônicos entre si”.
Cunha disse aos trabalhadores que estará sempre atento para debater todas as demandas que chegarem à Câmara e colocar os assuntos na pauta para que possam ser votados. “Não existe na Câmara nenhuma predisposição contra pautas. É claro que eu não posso me comprometer, e nem vou, com o conteúdo de qualquer pauta, porque não cabe a mim. A mim, cabe articular para que possa ser votada. A maioria vai depender do convencimento de cada parlamentar”.
Matéria atualizada às 14h35 para a inclusão de informações.
Edição: Carolina Pimentel
Fonte: Agência Brasil
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