02/11/2015 19h05
Rio de Janeiro
Nielmar de Oliveira - Repórter da Agência Brasil
Dia de Finados foi de intenso movimento no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio Tomaz Silva/Agência Brasil
Dezenas de milhares de pessoas compareceram aos cemitérios da capital para prestar homenagem aos parentes, amigos e artistas.Somente no Cemitério São João Batista, em Botafogo, bairro da zona sul, eram esperadas 70 mil pessoas. “Nós esperávamos inicialmente para hoje cerca de 50 mil pessoas, mas o número surpreendeu e nestes três dias de feriado prolongado mais de 200 mil pessoas passaram pelo São João Batista", disse Lourival Panhozzi, diretor do Núcleo de Cemitério da RioPark, que administra seis unidades na cidade do Rio de Janeiro (inclusive o São João Batista e os cemitérios de Irajá e Inahúma).
Na entrada do São João Batista, o visitante recebia um balão biodegradável com um cartão e uma semente. A ideia era o visitante soltar o balão e onde o objeto cair a semente germinar. A direção também disponibilizou um aplicativo de celular (QRCold) que permitiu ao visitante saber o histórico dos túmulos e jazigos.
“Primeiramente, disponibilizamos informações sobre os túmulos das pessoas famosas e agora estamos passando a disponibilizar sobre todos. Essas informações poderão ser baixadas pelos netos e filhos que assim ficarão sabendo quem foram seus antepassados”, disse Panhozzi.
Mais visitados
A grande movimentação no São João Batista envolveu também fãs que foram visitar túmulos de personalidades, como o do apresentador Abelardo Barbosa (Chacrinha), do poeta Carlos Drummond de Andrade, do pintor Candido Portinari, do cineasta Glauber Rocha, dos escritores Graciliano Ramos e Olavo Bilac e dos cantores Nelson Gonçalves, Cazuza, Carmem Miranda e Clara Nunes – os três últimos os mais visitados.
Cariocas depositam flores nos túmulos de artistas,
como no da cantora Clara Nunes
Tomaz Silva/Agência Brasil
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Cosme Rock da Silva, fã de Cazuza e da atriz Daniela Perez, depositou sobre o túmulo do cantor um cartaz com fotos dos dois artistas. “A morte do cantor foi muito sentida. Ele era um verdadeiro poeta, compositor e cantor. Já Daniela foi assassinada cruelmente, uma das maiores covardias”, disse, segurando os livros Daniela Perez: o crime da novela das oito e Lucinha Araújo: só as mães são felizes.
Já Kennedy Meireles, 40 anos, depositou fotos e capas de discos de Clara Nunes no túmulo da cantora. “Comecei a ouvir os discos da cantora em 83, ainda aos 11 anos através dos meus pais, que eram também fãs de Clara. Venho aqui prestar homenagem a ela todos os anos. Também vou há quatro anos, todos os anos, ao memorial em homenagem a cantora, na cidade de Caetanópolis, no interior de Minas Gerais."
Grupos de umbanda
Enquanto padres rezavam de hora em hora missas no cemitério, no Cruzeiro das Almas, também no cemitério, grupos de Umbanda reverenciavam os mortos e depositavam oferendas.
No Cruzeiro das Almas, umbadistas prestam
homenagem aos mortos Tomaz Silva/Agência Brasil
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A ialorixá Luciana de Iansã justificou o culto como a necessidade de se buscar força, abrir caminhos e obter proteção. Ao comentar a convivência de grupos de Umbanda com padres da Igreja Católica em um mesmo local, ela disse que a iniciativa é um ato de tolerância dentro de uma sociedade intolerante.
“Ela [a intolerância] existe, inclusive dentro da nossa própria religião. Mas é preciso entender que o espírito é um só. Nós, espíritas, não podemos baixar a cabeça, porque ela [a religiosidade] vem dos nossos antepassados, a recebemos de herança e precisamos cultivá-la”.
Para padre Jorjão, vigário paroquial da Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, na zona sul, vir ao cemitério no Dia de Finados é um ato de fé. “Acreditamos na vida eterna e rezar pelos mortos nada mais é do que acreditar na vida eterna. É um ato de misericórdia”. Padre Jorjão defendeu o respeito a todas as religiões.
Edição: Carolina Pimentel
Fonte: Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil
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