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terça-feira, 3 de novembro de 2015

Brasilianas.org discute rebaixamento da nota de crédito do país

02/11/2015 19h45 
São Paulo 

Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil 

O programa Brasilianas.org, que vai ao ar hoje (2) às 23h na TV Brasil, discute o rebaixamento da nota do Brasil por agências de classificação de risco. O programa recebe o diretor do Centro de Políticas de Crescimento Econômico do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) do Rio de Janeiro, Samuel Pessôa; o coordenador do curso de graduação da Escola de Economia da FGV São Paulo, Nelson Marconi; e o especialista em economia internacional e professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Antonio Carlos Alves dos Santos.

Em agosto deste ano, a Moody's anunciou o rebaixamento da nota de crédito do Brasil de Baa2 para Baa3, com perspectiva estável, mas mantendo o grau de investimento do país. No início de setembro, a Standard &Poor's reduziu a nota de crédito do Brasil de BBB- para BB+ e, com isso, o país perdeu o grau de investimento, conferido a países considerados bons pagadores e seguros para investir. Um mês depois, a Fitch Ratings também rebaixou a nota do país de BBB para BBB-, mantendo o país na categoria de bom pagador, mas apenas um nível acima da categoria especulativa.

Para Pessôa, as notas obtidas pelo Brasil são reflexo principalmente da situação interna do país. “Hoje, nossa situação externa está muito confortável. Foi um campo em que as últimas gestões olharam com cuidado e fizeram um bom trabalho. Nesse campo externo não há grandes problemas. Estamos muito mal na solvência interna. A dívida brasileira cresce muito rapidamente e a dívida interna deu uma minada na nossa moeda. Esse foi o julgamento essencial para o julgamento delas [das agências]. As agências julgam o todo, mas o todo não é uniforme”, disse.

Santos avaliou que as agências estão mais rigorosas, principalmente após a crise financeira mundial de 2008. “As agências estão preocupadas em recuperar a credibilidade que elas perderam no comportamento equivocado durante a crise de 2008. O que se percebe na gestão atual das agências é um rigor maior”.

De acordo com o professor da PUC-SP, isso fez com que as agências passassem também a considerar o elemento político em suas análises. “Se você tem um problema de solvência fiscal, eles avaliam também se você tem a maioria, se você tem coalizão política e condições de sustentar o equilíbrio fiscal e implementar medidas. Me parece que a primeira redução da nota pela Moody's foi basicamente isso”, disse.

Marconi ressaltou que a questão política foi importante para a avaliação das agências sobre o país. “No caso do Brasil, especificamente, elas estão vendo que a questão fiscal está muito dependente de resolver o cenário político. Elas aprenderam, com o tempo, que o cenário político é importante”. Marconi sugere que o governo mexa ainda mais em sua gestão para melhorar suas contas. “O governo ainda tem um volume grande de despesas e poderia ser mais eficiente na gestão”.

Durante o programa, os entrevistados falaram também sobre o cenário internacional e ressaltaram que o rebaixamento da nota prejudica principalmente os investimentos no país, podendo levar também ao aumento na taxa de juros e saída de capitais do Brasil.

O programa Brasilianas.org tem apresentação do jornalista Luís Nassif e vai ao ar todas as segundas-feiras, a partir das 23 h, na TV Brasil.

Edição: Fábio Massalli

Fonte: Agência Brasil

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