Brasil e China discutem tarifas especiais e outras facilidades de comércio
19/05/2015 22h52
20/05/2015 04h43
Brasília
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil Edição: Fábio Massalli
O Brasil quer facilitar o comércio agropecuário com a China por meio de uma lista pré-autorizada, ou prelisting, na linguagem do comércio internacional, para empresas brasileiras, disse a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Kátia Abreu, após audiência com o ministro da da Agricultura da China, Han Changfu. Trata-se de uma meta futura. Por enquanto, o Brasil busca conquistar a confiança do país oriental. Brasil e China estudam também tarifas especiais para serem aplicadas a determinados produtos.
"Entendemos que é um grande caminho a percorrer, um caminho importante para os dois países", disse Kátia Abreu. Segundo ela, a tarifa especial é permitida pela Organização Mundial do Comércio (OMC) por se tratar de dois países em desenvolvimento. Um dos produtos brasileiros que podem ser beneficiados é o leite. "Lácteos em geral. Só exportamos 1% de tudo que é produzido", diz a ministra, acrescentando que o país aumenta a produção de laticínios 5% ao ano, enquanto o consumo aumenta em 3%.
A lista pré-autorizada estaria relacionada ao comércio de carne. "Queremos prelisting, a confiança da China", disse a minsitra. "Temos mais de 90 empresas na fila, queremos prelisting para a aprovação automática [delas]. Depois de conhecer as nossas plantas, depois de conhecer o nosso sistema de defesa, qual o motivo para não adotar o prelisting?".
A estratégia será conquistar a confiança da China. O Brasil vai apresentar a Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), onde consta uma relação dos rebanhos brasileiros bovino, suíno e de aves e onde deverão ser incluídas as plantas e os peixes no segundo semestre. Kátia Abreu explica que alguns passos já foram dados. O Brasil deverá ter 26 frigoríficos habilitados a exportar para a China até junho deste ano, o que pode representar cerca de US$ 520 milhões anuais em vendas para o país oriental. Nove frigoríficos - oito de bovinos e um de aves - tiveram a habilitação oficializada hoje. O governo chinês se comprometeu em liberar os demais 17 em junho, durante visita oficial da ministra ao país oriental.
Outro assunto tratado na audiência foi o desenvolvimento de transgênicos. Segundo a ministra, a China pretende desenvolver produtos transgênicos em conjunto com o Brasil, o que ainda deve ser discutido. A intenção é firmar uma parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). "A única forma de dissipar temores em relação a esses produtos é pesquisando", disse.
A audiência fez parte de um agenda de compromissos da visita do governo chinês. Nesta terça-feira, Brasil e China assinaram 35 acordos, que representam investimentos de US$ 53 bilhões e abrangem áreas de planejamento estratégico, infraestrutura, transporte, agricultura, energia, mineração, ciência e tecnologia, comércio, entre outras. O país recebe o primeiro-ministro da China, Li Keqiang.
A China ocupa o topo da lista de destinos das exportações brasileiras, de acordo com dados da balança comercial brasileira até abril deste ano. O principal produto exportado é a soja. Ainda entre os dez produtos que encabeçam as vendas estão açúcar de cana, couros e peles e carne de frango. A China está também no topo das importações brasileiras, vendendo ao país, principalmente equipamentos eletrônicos, de tecnologia e têxteis. A China, em 2015 teve uma participação de cerca de 20% das exportações e 17% das importações brasileiras.
Em relação a 2014, no entanto, a China comprou menos do Brasil, houve uma queda de cerca de 32% nas exportações brasileiras para o país. As importações de produtos chineses também apresentaram queda no período, de 4%.
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