Brasília
Daniel Lima - Repórter da Agência Brasil
Os investidores do Tesouro Direto deverão contar com um simulador que permitirá a comparação entre aplicações do mercado financeiro e títulos disponíveis no programa. O objetivo é ajudar os pequenos poupadores a diversificar e maximar os ganhos, segundo os técnicos do Tesouro Nacional que pretendem melhorar a compreensão da aplicação, pois nem sempre os investidores têm facilidade em escolher os títulos dentro do programa.
A primeira fase de melhorias começou em março de 2015, quando o governo adotou medidas para tornar mais fácil a identificação dos papéis negociados por meio do Programa Tesouro Direto, além de um novo layout do site. A expectativa é que o simulador, que deve ser liberado em abril, com a nova série de melhorias do programa, atraia mais aplicadores, segundo Débora Marques Araújo, da equipe do Tesouro Direto.
O Tesouro Direto é um programa de negociação de títulos públicos destinado a pessoas físicas por meio da internet com aplicação mínima de R$ 30. Para o pequeno investidor, o Tesouro Direto é considerado uma opção de investimento de baixo custo e segura. O governo garante que os títulos públicos são considerados os ativos com menor risco da economia. Ainda muito popular, a poupança tem perdido da inflação e, só no mês passado, os saques superaram os depósitos em R$ 12,03 bilhões. De acordo com dados do Banco Central, foi a maior retirada líquida mensal registrada na série histórica, iniciada em 1995.
A nova ferramenta será capaz de indicar ao investidor qual o título mais adequado para o perfil e para o objetivo financeiro dele. “O simulador ajudará no horizonte de aplicação e o fluxo de remuneração que o investidor quer. Na verdade, o simulador complementa a funcionalidade do orientador financeiro, com uma nova paginação e contemplará a parte de gerenciamento virtual e ainda será capar de comparar os produtos financeiros”, explicou Débora.
Nova ferramenta
Assim, será possível estabelecer comparações entre os títulos Tesouro Direto com a caderneta de poupança, com o Certificado de Depósito Bancário (CDB), com Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e Letra de Crédito Agrícola (LCA), por exemplo. “Será uma excelente ferramenta para ajudar o pequeno investidor. É algo inovador e [a forma] como faremos não tem no mercado. Não existe com esse nível de complexidade e de abrangência, pois são comparados uma série de produtos. As pessoas usarão o simulador para tomar decisões”, acrescentou Débora.
Eric Lisboa, também da equipe do Tesouro Direto, disse que se uma pessoa tiver R$ 1 mil terá mais facilidade para identificar o retorno que terá no futuro com a nova ferramenta, ao fazer as comparações. “Qual eu vou ter o melhor retorno no futuro, daqui a tantos ano? O investidor colocará uma série de parâmetros sobre o tipo de investimento que ele quer fazer e terá uma resposta. Acredito que será um grande salto, um grande avanço para ajudar o investidor a tomar as decisões”, disse. O simulador está sendo elaborando em parceria com a BM&F.
Extrato mais claro
A Ouvidoria-Geral do Ministério da Fazenda (OGMF) realizou, no ano passado, durante dois meses com os visitantes do portal uma pesquisa para saber se os visitantes do site sabiam como aplicar no Tesouro Direto. O resultado mostrou que 79% dos usuários não sabem como investir, 20% já ouviram falar, mas têm dúvidas e apenas 1% sabe, inclusive já aplicou.
Nesta nova série de melhorias, além do simulador, os responsáveis pelo programa querem mudar isso e preparam um extrato que seja mais claro para os poupadores sem intimidade com a aplicação em títulos públicos.
“O extrato é uma tabelinha, com um monte de informações frias e brutas”, disse Débora. “Nesta nova frente, queremos melhorar a comunicação e deixar o extrato mais didático e intuitivo para o investidor. Pretendemos incluir um gráfico para mostrar como foi a evolução do investimento”, completou.
Segurança
Os técnicos do Tesouro Nacional defendem que a compra de títulos do governo federal é segura, mesmo em um contexto de dívida pública crescente. De acordo com eles, os títulos públicos são os ativos mais seguros em qualquer economia no mundo. Para a equipe responsável pelo Tesouro Direto, no Brasil, não é diferente porque é 100% garantido pelo Tesouro Nacional.
Independentemente do valor, o aplicador há garantias legais que permitem o pagamento dos resgates. O Tesouro Nacional mantém ainda o chamado “colchão de liquidez”, que é uma reserva técnica para honrar os compromissos com os credores da dívida do governo federal. Atualmente, está entre três a seis meses e existem ainda as reservas internacionais, segundo Débora. “Tem uma série de elementos para garantir a solidez e honrar esses títulos colocados no mercado. O Tesouro Direto representa menos de 1% da dívida do governo”, disse.
Como os recursos são garantidos pelo Tesouro Nacional, não há necessidade de acionar o Fundo Garantidor Direto (FGC) – entidade privada, sem fins lucrativos e que administra um mecanismo de proteção aos correntistas, poupadores e investidores permitindo recuperar os depósitos ou créditos mantidos em instituição financeira, atualmente em até R$ 250 mil, em caso de intervenção, de liquidação ou de falência. “Os títulos do Tesouro Nacional não precisam do FGC, porque são garantidos pelo Tesouro Nacional e pelo Estado brasileiro. Ou seja, vai além de governos”, garante Débora.
Balanço
Em janeiro, o número de investidores cadastrados no Tesouro Direto em um mês foi o mais alto desde o início do programa, ao registrar 27.111 adesões (aumento de 194,1% em relação a janeiro de 2015), totalizando 651.469 investidores cadastrados. De acordo como Tesouro Nacional, o número de novos investidores ativos no período também bateu recorde ao alcançar a marca de 13.885 (crescimento de 602,7% na comparação com janeiro de 2015), totalizando 247.830 investidores com posição.
No mês, as vendas totais do Tesouro Direto, informou o Ministério da Fazenda, chegaram a R$ 1,84 bilhão. O estoque alcançou montante de R$ 26,8 bilhões.
Edição: Talita Cavalcante
Fonte: Agência Brasil
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